Mente Hacker? Elon Musk implanta chip cerebral sem fio em humano – Mas será que é tudo o que dizem?

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Elon Musk, o bilionário do mundo tech, surpreendeu novamente com uma afirmação ousada: sua empresa Neuralink teria implantado com sucesso um chip cerebral sem fio em um ser humano. Através de sua rede social X (antiga Twitter), Musk declarou que “atividade cerebral promissora” foi detectada após o procedimento e que o paciente está se “recuperando bem”.

Um chip para conectar cérebros a computadores?

O objetivo da Neuralink é ambicioso: conectar cérebros humanos a computadores para enfrentar condições neurológicas complexas. A empresa não está sozinha nessa corrida tecnológica, outros players já realizaram implantações similares.

“Para qualquer empresa que produz dispositivos médicos, o primeiro teste em humanos é um marco significativo”, comenta a professora Anne Vanhoestenberghe, do King’s College London. “Mas é importante contextualizar que, embora haja muitas empresas trabalhando em produtos empolgantes, poucas implantaram seus dispositivos em humanos, então a Neuralink se junta a um grupo bem seleto.”

No entanto, a professora também alerta para a necessidade de cautela, já que o “verdadeiro sucesso” só poderá ser avaliado a longo prazo. “Sabemos que Elon Musk é muito habilidoso em gerar publicidade para sua empresa”, enfatiza.

E os concorrentes?

Outro exemplo de avanço similar vem da École Polytechnique Fédérale de Lausanne (EPFL), na Suíça. Por lá, um homem paralisado conseguiu andar apenas pensando, graças a implantes eletrônicos no cérebro e na espinha que se comunicam sem fio com suas pernas e pés. O feito foi publicado na prestigiosa revista científica Nature em maio de 2023.

Será que Musk está falando a verdade?

Até o momento, não há confirmação independente das afirmações de Musk e a Neuralink não divulgou informações sobre o procedimento. A BBC News contatou tanto a empresa quanto a agência reguladora de medicamentos dos EUA (FDA) para esclarecimentos, mas aguarda retorno.

Histórico controverso e futuro incerto

A Neuralink já enfrentou críticas no passado. A Reuters reportou, em dezembro de 2022, que testes conduzidos pela empresa resultaram na morte de cerca de 1.500 animais, incluindo ovelhas, macacos e porcos. Apesar de investigações, a empresa não foi penalizada por violar regras de bem-estar animal.

Em maio de 2023, a FDA concedeu à Neuralink permissão para testar o chip em humanos. Isso deu início a um estudo de seis anos, onde um robô cirúrgico implanta 64 fios flexíveis (mais finos que um fio de cabelo) em uma área do cérebro responsável pela “intenção de movimento”.

A empresa afirma que esses fios permitem que o implante experimental (alimentado por uma bateria sem fio) capte e transmita sinais cerebrais a um aplicativo que decodifica a intenção de movimento do indivíduo.

“Tem grande potencial para ajudar pessoas com doenças neurológicas no futuro e é um excelente exemplo de como a pesquisa fundamental em neurociência está sendo usada para avanços médicos”, ressalta a presidente da British Neuroscience Association, professora Tara Spires-Jones: “Entretanto, a maioria dessas interfaces requer uma neurocirurgia invasiva e ainda está em fase experimental, então provavelmente levará ainda muitos anos até se tornarem comuns.”

Telepatia: o próximo passo?

Em outra postagem, Musk revelou que o primeiro produto da Neuralink se chamará Telepathy. Segundo ele, o Telepathy permitirá “controlar seu telefone, computador e quase qualquer dispositivo, apenas pensando”.

“Os primeiros usuários serão aqueles que perderam o uso dos membros”, explicou. Mencionando o cientista britânico Stephen Hawking, que sofria de esclerose lateral amiotrófica (ELA), ele acrescentou: “Imagine se Stephen Hawking pudesse se comunicar mais rápido do que um datilógrafo ou leiloeiro. Esse é o objetivo.”

Embora o envolvimento de Musk aumente a visibilidade da Neuralink, alguns concorrentes têm histórico mais consolidado. A Blackrock Neurotech, por exemplo, implantou suas primeiras interfaces cérebro-computador em 2004. Outra empresa, a Precision Neuroscience, fundada por um ex-sócio da Neuralink, também busca ajudar pessoas com paralisia e seu implante é bem menos invasivo.

Os dispositivos já existentes também apresentam resultados promissores. Estudos recentes nos EUA demonstraram que implantes podem monitorar a atividade cerebral durante a tentativa de fala, possibilitando o desenvolvimento de ferramentas de comunicação assistiva.

Conclusão:

O implante cerebral da Neuralink é um avanço importante na área da neurotecnologia, mas ainda há muito caminho a percorrer. A tecnologia ainda está em fase experimental e precisa ser testada em mais pessoas para avaliar sua segurança e eficácia.

Além disso, é preciso considerar os riscos e potenciais implicações éticas do uso de dispositivos que conectam cérebros a computadores. Por exemplo, é possível que esses dispositivos sejam usados para manipular o comportamento ou controlar as mentes das pessoas.

Apesar dos desafios, o implante cerebral da Neuralink tem o potencial de revolucionar o tratamento de doenças neurológicas e até mesmo abrir caminho para a telepatia. É uma tecnologia promissora que merece ser acompanhada de perto.

Algumas questões que ainda precisam ser respondidas:

Quais são os riscos e potenciais implicações éticas do uso de dispositivos que conectam cérebros a computadores?

Como garantir a segurança e a eficácia desses dispositivos?

Como tornar esses dispositivos mais acessíveis e acessíveis?

A Neuralink e outras empresas que estão desenvolvendo interfaces cérebro-computador precisam responder a essas questões para que essa tecnologia possa ser usada de forma segura e responsável.

Fonte: https://www.bbc.com/news/technology-68137046