A tecnologia está criando pontes inusitadas para lidar com a perda. Saiba como a Inteligência Artificial (IA) está sendo usada para manter viva a memória de pessoas queridas.
![Inteligência Artificial](https://ststecnologia.com.br/wp-content/uploads/2024/05/cfa2d6d6-d7c5-4745-bdbd-070134d86aca.jpg)
O luto é um processo doloroso e profundamente pessoal. A tecnologia, no entanto, vem oferecendo novas maneiras de lidar com a perda de um ente querido. A Inteligência Artificial (IA) está possibilitando a criação de avatares virtuais e chatbots capazes de simular a voz e personalidade de pessoas falecidas.
Revivendo Memórias com IA
Imagine conversar com seu pai falecido ou ouvir sua voz contando histórias novamente. Isso já é possível por meio de ferramentas de IA capazes de gerar texto, áudio e vídeo baseados em gravações e informações pessoais armazenadas digitalmente. Um profissional de tecnologia do Alabama, por exemplo, usou um serviço online para clonar a voz de seu pai que faleceu de Alzheimer. A partir de um vídeo caseiro de 3 minutos, a IA recriou a voz do pai com impressionante fidelidade, permitindo que o filho convertesse texto em áudio e “ouvisse” o pai mais uma vez.
Outras ferramentas, como o ChatGPT, permitem que o usuário converse com um chatbot que simula a personalidade do falecido. Quanto mais informações forem fornecidas sobre a pessoa (maneira de falar, interesses, frases favoritas), mais realista será a interação.
Startups na vanguarda
Diversas startups estão investindo em soluções de IA para o luto digital. O HereAfter AI permite a criação de avatares virtuais que respondem a perguntas com base em entrevistas realizadas com a pessoa enquanto viva. O StoryFile cria vídeos interativos com a voz do falecido, respondendo a estímulos. Já o Replika é um aplicativo que simula relacionamentos por meio de um avatar personalizado por inteligência artificial.
Até mesmo gigantes da tecnologia estão entrando nesse mercado. A Amazon, por exemplo, anunciou em 2022 o desenvolvimento de uma atualização para a assistente virtual Alexa que permitiria imitar a voz de qualquer pessoa, incluindo familiares falecidos.
Ética e Preocupações
Apesar do potencial terapêutico, o uso de IA no luto digital levanta questões éticas e práticas. A privacidade dos dados utilizados para treinar os sistemas é uma preocupação. O que acontece com as informações pessoais fornecidas para a criação do avatar?
Além disso, há um debate sobre a ética de colocar palavras na boca de alguém que já se foi. É aceitável criar a ilusão de uma conversa com uma pessoa que não pode mais se expressar?
Por outro lado, especialistas em luto reconhecem que, especialmente no início do processo, as pessoas buscam conforto de qualquer forma. A criação de um avatar que remeta à pessoa amada, desde que haja clareza de que se trata de uma simulação, pode ser um recurso positivo para lidar com a dor.
Uma Ferramenta para o Luto?
A IA não substitui o luto nem traz de volta a pessoa falecida. No entanto, pode ser uma ferramenta para manter viva a memória e facilitar o processo de aceitação da perda.
Alguns, no entanto, preferem outras formas de manter a conexão com o ente querido. Uma psicóloga canadense, por exemplo, encontrou conforto em criar versões virtuais dela e do marido falecido no jogo The Sims.
A tecnologia oferece novas possibilidades para lidar com a perda, mas a decisão de usá-la ou não é sempre fácil. O importante é encontrar o caminho que traga mais conforto e auxilie o indivíduo a superar o luto de forma saudável.
Fonte: edition.cnn.com
Mais sobre IAs